Na era da informação, onde o conhecimento está na ponta dos dedos, existe uma luta invisível entre verdade e a desinformação que redefine o nosso tempo, tornando-se numa antítese dos tempos modernos.
Guerras sedimentadas digitalmente, fake news, propagandas e a influência política são a nova realidade onde o ‘marketing’ supera o conhecimento.
As fake news neste momento estão difundidas no mundo moderno, informações não verídicas espalhadas em grande escala através das redes sociais escalam problemas e alimentam ódios.
Num abrir e fechar de olhos, um grupo, país, empresa ou indivíduo, seja ele político, atleta, ator/atriz, jornalista ou qualquer outra profissão, passa do céu ao inferno, ou vice-versa, graças às informações criadas e partilhadas nas redes sociais.
Para quem recebe essas informações e não as avalia profundamente, partilhá-las gera um acontecimento em cadeia e a sensação de não ter qualquer responsabilidade neste ato. No entanto, se ponderarmos que poderíamos ser vítimas dessas informações falsas, talvez não agíssemos com a mesma rapidez e leviandade ao partilhá-las com mais pessoas, escalando assim acontecimentos.
A ‘internet’ trouxe ao mundo a queda de barreiras para a disseminação das informações, mas também trouxe a mesma rapidez na propagação de mentiras e verdades, possibilitando a destruição da imagem de pessoas, países, empresas e grupos ou a construção de imagens positivas quando as mesmas não as merecem.
Para quem tem simpatia por alguma ideologia, pessoa, país, empresa e/ou grupo, ao receber uma informação positiva à cerca da mesma, é de imediato concordar e partilhá-la como facto. Da mesma forma, para quem antipatiza com alguém ou algo, ao receber notícias negativas leva a uma sensação de conforto ao ler essa informação e ainda mais ao partilhá-la, assumindo como verdade incontestável.
É extremamente perigoso tudo isto, pois estamos a criar um tribunal virtual que, baseando-se em suposições e nem sempre em factos, julga pessoas e entidades em questão como culpados ou inocentes, anjo ou demónio, vítima ou culpado, mártir ou tirano. Ao mesmo tempo, uma legião de pessoas assumem o papel de advogados de defesa, enquanto outros se comportam como promotores, determinados a provar a culpa de outrem.
Estamos próximos de um período eleitoral e já se pode antever como as redes sociais serão, mais uma vez, utilizadas para construir heróis e destruir monstros, rótulos que apenas existem na mente dos defensores e ofensores.
É importante que cada um reflita sobre a responsabilidade ou a falta dela ao partilhar informações sobre as quais não tem certeza, apenas pela necessidade de assumir uma posição perante um vídeo, uma foto ou um texto partilhado.
A melhor postura a adotar é procurar, antes, a confirmação da informação para não se arrepender após partilhar ou divulgar informações falsas, algo que, aliás, é considerado crime, embora poucos se preocupem com isso.
A ‘internet’ e as redes sociais são fantásticas e prestam um grande serviço à sociedade, desde que sejam usadas com responsabilidade e respeito pela verdade.
Se não assumirmos essa responsabilidade, corremos o risco de ver todas as informações que recebemos e enviamos rapidamente desacreditadas, levando as redes sociais a tornarem-se inúteis como veículos de informação sobre factos irreais, transformando a era da informação na era da desinformação.
FONTE: https://minhodigital.pt/na-encruzilhada-da-verdade-como-a-guerra-da-desinformacao-redefine-os-tempos-modernos/